terça-feira, 6 de novembro de 2007

A minha fixação pelo cabo da vassoura nos velhos tempos de pintora de construção civil

A vida de pintora de construção civil é muito rica e variada em experiências humanas e outras. Assim de repente não me lembro quais, mas é só ir aos posts que escrevi na altura a propósito da pintura da minha casa para recordar. Não posso fazer tudo por vocês, ou posso? OK, não respondam!


Estive a ver a saga de posts que se referiam à minha vida como pintora de construção civil e apercebi-me que não estavam ilustrados. Como o badalhocómetro daqui do sítio anda avariado, é uma boa maneira como outra qualquer de fazer descolar o gajo. Aqui vai disto.


Era uma vez uma casa com uns aninhos no pêlo. E cujas paredes desenvolveram rachas! Muito se pode dizer e já se disse sobre as rachas. Tudo com elevado valor de badalhocómetro! Neste caso, elas foram cheias com uma pasta esbranquiçada (muito se pode dizer acerca de massas brancas esbranquiçadas que enchem rachas também!). Como se pode comprovar aqui mesmo!


Como para muitas outras coisas, não precisei de um homem para nada e fiz o servicinho eu mesma, com as minhas próprias mãos e uns acessórios que comprei em lojas da especialidade. Nada de super-mercados: não deixo destas coisas ao acaso e não compro assim a uns sapateiros quaisquer. Para mim e para as minhas coisas (nem que sejam as rachas das paredes), só quero acessórios de primeira qualidade!



Chegados a este ponto, há que isolar os rodapés e outras coisas que não podem ser pintadas, no que eu na altura chamei de preliminares. Esta operação, como qualquer preparação para um evento importante, é demorada e se não for feita com cuidado é receita garantida para o desastre. O sexo, os relacionamentos e a pintura de construção civil têm muito em comum, como se pode ver!



Como em muita coisa, depois de verificar bem, verifica-se mais três vezes. Impulsiva como eu sou (e bem que me lixo com isso às vezes), esta é das partes mais difíceis. Pois há que verificar todas as superfícies e lixar rugosidades. A minha especialidade não costuma ser lixar nada nem ninguém, mas desta vez fiz um esforço e compensou. Convém é não fazer disso um hábito!


E toca de molhar o pincel! E a trincha! Oooooooooooooooooooooo... sexy! Nem por isso, mas há cabecinhas para tudo e que veem em qualquer substância viscosa branca motivo para fazer piadas. Gente muito triste, mas que irá longe na vida!


E pintei! Ainda se pode ver nesta imagem os restos do que lixei e o pincel a esgueirar-se por um canto mais estreitinho e apertadinho (o que foi uma COMPLETA coincidência na escolha da imagem!!!).


E neste contexto que surge a minha fixação pelo cabo da vassoura: é que ser pequenina tem essas coisas! Se na horizontal somos todos do mesmo tamanho (claro que uns são mais do mesmo tamanho que os outros e eu tinha um colega que dizia ser mais alto na horizontal que na vertical), na vertical a coisa muda de figura! Normalmente compenso isto com uns sapatos de salto ou uma pose altiva ou ambas, mas o mundo da pintura de contrução civil é muito mais honesto: não dá! Nenhum destes subterfúgios me faz chegar mais longe na vida. Longe para cima, claro.


Desanimada ante a dolorosa e penosamente demorada alternativa de dar à trincha em cima do escadote, olhei para o cabo da vassoura com um interesse que nunca havia manifestado antes. E olhem que já me agarrei ao cabo da vassoura muitas vezes.



Assim em repouso e no chão não diz o que é! Mas erecta é altiva! Peguei-lhe com carinho mas firmeza e arranquei-lhe a cabeça com um gesto firme. Como se fosse já habitual manipular desse modo cabos de vassoura! O que me interessava era a parte vermelha e delgada. Dava jeito que fosse mais grossa porque dava para agarrar melhor (mas também ficaria mais pesada), mas o comprimento era o ideal! Muito mais que 20 cm... e o cabo era telescópico! Oh, se era!


Substutuí a inútil esfregona pela tricha e ergui o meu novo troféu! Sim, eu sei que objectifiquei um acessório que merecia mais dignidade e que foi feito para a respeitável função de limpar o chão e outras superfícies (essencialmente planas). Mas o efeito inebriante de tapar rachas nas paredes ainda se estava a fazer sentir! E eu sinto tudo com muita intensidade!




Esta imagem é muito explícita e deve ser escondida de mentes mais puritanas. Tenho outras, mas a decência impede-me de as mostrar (é mesmo só porque a iluminação ficou uma merda, mas como não digo isso aqui, vocês ficam a pensar que é algo de realmente interessante; posso ir para jornalista: consigo fazer um drama de nada!).


E pronto, depois foi acabar o trabalhinho e deixar secar! Ficou um trabalho bem feito! O cabo da vassoura serviu-me bem e foi reatarrachado à esfregona. Hoje em dia quando agarro no pau da vassoura lembro-me sempre desses momentos especiais que partilhamos (sim, eu estou consciente que tenho que sair mais vezes).


No final, como em outros actos, há que remover a protecção. Aqui está ela, ainda com a substância branca já seca e feia. Sem viço, e sem cumprir o papel fecundador da parede! Mas a sua passagem pelo mundo teve uma função importante.



Apesar de não terem já préstimo para a sociedade, há que dar a estes restos um fim digno. Uma das hipóteses seria expor estes resíduos numa galeria de arte com um título pomposo (aposto que o Herr Krippmeister se lembra de algo com nível. Fica o desafio aberto a todos). Isto é no mínimo uma instalação e deve dar origem a reflexões muito profundas! Afinal, um amontoado de sopas em lata e detergentes para a roupa faz isso, porque não restos de fita crepe depois de uma pintura com estas características? A emancipação feminina, os preliminares, a sociedade de consumo são todos tópicos de reflexão para esta instalação!


Dito isto, embrulhei-os cuidadosa e carinhoramente nos restos de jornais e deitei-os ao lixo. Lixo já tem muito em galerias de arte!


E pronto, era este o segredo da minha relação com o cabo da vassoura. Se repararam, não era bem uma vassoura mas uma esfregona, mas é tudo a mesma coisa. Pau é pau!

29 comentários:

antonio ganhão disse...

O fascinante mundo feminino, mesmo na ausência do homem. É claro que o pau da vassoura, que afinal era de uma esfregona (sua badalhoca!), desempenha um papel fundamental neste imaginário, que como sempre, tem como referência central: o homem! Nós, por onde passam todos os vosso equilíbrios (já disse isto?).

Anónimo disse...

abobrinha, abobrinha,

Com ou sem badalhocómetro você é um espanto!

Venha mais...

Patrícia Grade disse...

Minha amiga, agora excedeste-te.
Pau que é pau é telescópico, que é o mesmo que dizer - cresce!
Isso de ser mais grosso ou mais fino são pormenores sem importância, uma vez que não interessa a grossura mas o que se faz com ela. Já o tamanho...

antonio ganhão disse...

Indy!? Eu... eu... desde os arabescos do anonimo que não leio tamanha badalhoquice!

De acordo com a enciclopédia do Harry Potter o pau deve ser flexível para permitir curvas apertadas, com a vassoura. Mas não sei se isso se aplica a esfregonas ou ao que estão a falar.

farfalho, o maltês disse...

Esta é de cabo. Mas de esquadra.

Já não lhe chegava o pincel...

Krippmeister disse...

Será seguro dizer que mandaste umas valentes pinceladas na racha... da parede?

Quanto aos restos de fita parece-me evidentemente uma referência à efemeridade da obra humana, porventura reminiscente de um desconstruccionismo russo, embora com um registo manifestamente orgânico e gestual. A plasticidade táctil e texturalista da matéria contrasta com o branco imaculado, revelando o choque do velho versus o novo, do passado em contraste com o futuro, do acabado sobre o ainda por começar...

Achei que acabar com reticências ainda dava mais credibilidade artístico-intelectualóide a esta palermice :-)

Abobrinha disse...

Indomável, António e Herr Krippmeister

Mas o que é que vocês andaram aqui a fazer? É o cabo telescópico, é grosso, é flexível, é... nem sei o que dizer dessa do pincel, Herr Krippmeister! Mas tive que molhar o pincel várias vezes por causa da racha em causa: se não estava molhado a tinta não fluia e o trabalhinho ficava mal feito. Claro que isto é válido para as superfícies planas, mas não teria tanta piada!

Mas vocês querem-me tirar o emprego??? Querem escrever vocês os posts, é??? Não era uma queixa: como não consegui escrever mais badalhoquice, tive que optar por uma cena de drama. Isto é mesmo para avacalhar, estejam descansados! Façam de conta que estão no vosso blogue! Salmo 22: continuem que vão bem!

Abobrinha disse...

António

Não só o cabo da vassoura era telescópico como também se desmonta... e monta! O tubo do aspirador também é telescópico e tem uma parte flexível e uma rígida!

A vida doméstica tem destas coisas! Começo a entender o apelo dos house-husbands!

Abobrinha disse...

Com Tranquilidade

Muita gentileza sua. Fico contente por me ler e por gostar, com e sem badalhoquice!

Abobrinha disse...

Pharphalho

Leia no arquivo (mas comente aqui, que eu não ando para trás) os posts iniciais sobre as minhas aventuras como pintora de contrução civil. Sabe que enquanto você esteve de férias eu escrevi muito!

Quanto à trincha, ou é badalhoquice ou não! Muito mais interessante que o pepino do Jorge Fiel (salvo seja: estou a falar de um post que ele escreveu no Verão) e a milhas do peditório para a liga contra o cancro!

Abobrinha disse...

Herr Krippmeister

Acabas de ser nomeado o crítico de arte oficial do sítio. Não é só pelo teu palavreado intelectualoide (ou pelas tuas... ahem... reticências): é porque tens um piadão e porque ainda consegues ser mais badalhoco que eu!

Vou ver se apanho os frescos (ou quentes, conforme) de Pompeia em tamanho maior. Para falar verdade, eu queria mesmo era ir a Londres ver a tal exposição de badalh... eeeeeeeeeeeeeee... arte para poder criticar! Mas tinha que ter patrocínio e férias.

Patrocínio não por andar assim mal de t€mpo, mas porque Londres é caro demais para o que vale, penso eu de que. E depois, ao contrário do que diz o outro, fui bastante infeliz em Londres!

Abobrinha disse...

Bem, com o nível de badalhoquice que aqui vai, nem vou ter que recorrer à anedota do 69! Mas um dia destes vou aqui ter uma queca real...

Abobrinha disse...

Só uma rapidinha antes de ir para a cama: com estes comentários o meu computador já tem o disco duro!!! Ha ha ha!!!

Patrícia Grade disse...

Está provado, minha amiga, que o teu badalhocómetro dispara a horas impróprias.
Gostei dessa do disco duro!
Quanto ao Krippmeister... adorava ter a colaboração de tão afamado crítico de arte no meu estabelecimento... e prometo que não tenho só produto importado directamente da Tailândia...

farfalho, o maltês disse...

bobrinha,
a anedota do 69?

a mesma ou alguma nova?

A keka real está a fazer-me içar o cabo do vasculho.
....
Mas o vasculho não tem cabo, dir-me-ão.

Nesse caso é só o cabo.

Abobrinha disse...

Indomável

Infelizmente o badalhocómetro só está ligado a essa hora porque o resto do disco (o duro e os outros) estão com dificuldade em adormecer, o que é estranho para mim. Mas isto passa!

Isto de críticos de arte de craveira internacional não é para quem quer: é para quem pode!

Abobrinha disse...

Pharphalho

A anedota do 69 é a outra: o meu reportório de anedotas de 69 não é assim tão vasto!

Mas estou a falar a sério na queca real! É uma obra de arte, se bem que algo explícita! De tal modo que estou com receio que me fechem o blogue a seguir! É assim tão explícito! Está a ver a exposição do Barbican de sexo e arte? É muito mais polémico!

ZumZumMataMoscas disse...

Abobrinha,

Livre-se de algum dia chamar trincha ao meu rolo!

Pode haver quem não se importe com estes detalhes, mas existindo enormes diferenças na forma, no tamanho e na capacidade de cobertura de cada um deste instrumentos, eu prefiro que não os confundam.

Alguns pintores utilizam trincha outros pintam com rolo.

http://zumzummatamoscas.blogspot.com/

ZumZumMataMoscas disse...

PS - Pelas fotos parece-me que você utilizou rolo, pelo que posso concluir que gosta de instrumentos grandes.

ZumZumMataMoscas disse...

Ainda bem que cumpriu com os preliminares e que usou preservativo para não pintar as partes mais sensiveis.
Só não entendi esse seu ritual de cortar os preservativos (ainda repletos de liquido branco) ás tiras e de os colocar num caixote para fotografar. São troféus?!

ZumZumMataMoscas disse...

Aboborinha,

Por falar em cabo de vassoura, acabei de publicar os resultados da sondagem
"Quanto mede a sua?"

http://zumzummatamoscas.blogspot.com/

ablogando disse...

Não percebi: o post era sobre sexo, sobre arte, sobre a arte do sexo, sobre o sexo da arte, sobre a arte no sexo, sobre o sexo na arte, sobre a arte f... do sexo, sobre o sexo que f... a arte, sobre o lixo do sexo, sobre o sexo do lixo, sobre o sexo que é lixo, sobre o lixo do sexo...?
Socorro!!!
Abobrinha, fazes o favor de não me pores a cabeça à roda? Que um homem não é de pau!

Abobrinha disse...

ZumZum

O que se passa com a sua trincha ou o seu rolo é consigo e com a sua mulher. E eu acho os homens casados muito pouco atraentes, fica a saber. Quando se trata de rolo ou de trincha, cada qual pinta com o seu ou com aquele que lhe deram!

O que me lembra que tenho um ainda embrulhado no plástico de protecção porque me prometeram ajuda que não chegou. Gaja que é gaja desenrasca-se! E foi o caso!

Curiosamente na altura que pintei a casa saiu um filme chamado "pintar ou fazer amor". Irónico, não? Não fui ver o filme porque me pareceu redundante!

Voltanto à arte, tenho um post na cabeça acerca de arte, mas ainda está a marinar.

Abobrinha disse...

ZumZum

Os meus rituais, ai os meus rituais! Tenho muitos outros, mas não os conto!

Remeto-o à crítica artística do Herr Krippmeister, que é o mestre designado para as cousas do "dirty talk" (que o faz muito bem, com ou sem reticências). Não é que o que ele escreveu faça mais sentido do que aquilo que eu escrevi (desconfio que será o oposto, mas que será propositado), mas sempre tem mais estilo!

Quanto às partes sensíveis, também as pinto se for caso disto, se for oportuno e se o proprietário for disso merecedor! Se for preciso sensibilizo partes que normalmente não o são. Não faço ideia do que é que isto quer dizer, mas a carga badalhocómica parece elevada, por isso escrevi. Agora ficam vocês sensibilizados a pensar no que é que isso quer dizer. Depois eu mando o meu NIB para as vossas esposas fazerem doações compatíveis com os resultados obtidos.

Abobrinha disse...

Joaquim

Estás a perguntar-me a mim?? Sei lá! Isto é como uma obra de arte: sujeita a múltiplas interpretações. Sendo que "múltiplo" tem um potencial badalhocal... múltiplo! Eze!!!

Quanto aos homens serem de pau, entramos na dualidade firmeza/flexibilidade, tão querida e característica das relações humanas. Elas mesmas pautadas pela multiplicidade do físico, emocional, racional e irracional, o que encerra em si a putativa esquizofrenia projectada de uma personalidade dirigida pela sociedade para fazer face às inúmeras solicitações de um capitalismo aglutinante que serve de capa indelével à pseudo-sociedade solidária que pretendemos ter, onde o estado-providência é uma miragem pseudo-táctil de um bando de alienados de mente invertebrada.

Ora toma! Se alguma coisa do que está escrita em cima aparentear fazer o mínimo sentido, recomendo o auxílio de um profissional da psiquiatria. Por esse motivo (e por estar realmente preocupada com a saúde psiquiátrica de muita gente), estou a preparar um post sobre arte.

Joaninha disse...

Abobrinha,

Desculpa lá mas vou ter de te "roubar" o teu ultimo comentário para o meu post sobre a arte de falar muito sem dizer rigorosamente nada.
O teu e o do Herr krippmeister.
São brilhantes.

Não leves a mal, tu também sabes falar de muita coisa e dizer muitas verdades;)

Abobrinha disse...

Joaninha

Rouba à vontade! Os comentários e os posts são mesmo para entreter e não têm direitos reservados. Para quê? Aqui não se aprende nada!

O que não escrevi no teu blogue por consideração à família foi: achaste piada foi ao putativo, estou mesmo a ver!

OUtra coisa que não escrevi: espera até veres a queca real! Mesmo! Não é jogo de palavras! Aqui mesmo, na Abobrinha! A cores e em primeira página! Artística! E um outro post sobre arte que escreverei assim que tiver feito a pesquisa suficiente. Neste caso vai ser o oposto: a coisa não tem badalhoquice suficiente porque é filosofia a mais. E o que a malta quer é badalhoquice pura e dura. Pode ter traços de lesbianismo, mas isso depende das imagens que eu conseguir sacar!

E ainda há a revelação da droga que me dá alguma potência (fora a cafeína, de que estou encharcada por causa de insónias em 2 dias consecutivos).

Um dos meus talentos é criar suspense! Outro ainda é defraudar as expectativas, mas neste caso é de propósito. TEnho outros, mas esses são para só eu saber!

Joaninha disse...

Abobrinha,
é verdade, apanhaste-me...
Não achei piada ao conjunto de palavras que assim derrepente parece querer dizer qualquer coisa, mas afinal, lido com atenção não quer dizer nada....Adoro a maneira como fazes isso, é inspirador...Tens muito mais talento que alguns politicos e pseudo-intlectuais da da nossa praça que nem mesmo derrepente conseguem enganar ninguem ;)

Abobrinha disse...

Joaninha

Ou seja, posso ir para a política. Há um pequeno problema: gosto de fazer coisas! Achas que é impedimento?