domingo, 23 de dezembro de 2007

Carta ao Pai Natal - parte 8

Caro Pai Natal

Agora que até já ganhamos uma certa familiaridade (apesar de não existires e saberes que eu sei que não existes)... sei lá, até acho que nos podemos considerar amigos, não achas? E os amigos às vezes tomam a liberdade de dizer pequenas ou grandes verdades porque são amigos precisamente. Claro que há sempre os que tomam a liberdade de nos pretender dar chá enquanto tomam chá connosco para depois nos dei”xá”rem sem tacto nenhum nem uma mentirinha piedosa sozinhas quando a expectiva era fazer um upgrade para um jantarinho e uma noite de gajas. Mas isso agora não interessa nada, que isto é conversa de gaja que de vez em quando se passa dos carretos e diz e faz coisas perfeitamente inconvenientes porque não bate bem da moleirinha. Nem sequer era disso que estávamos a falar... de que é que estávamos a falar mesmo? Ah, já sei.

Olha, rapaz, é assim... senta-te e respira fundo, que precisamos de conversar... estás gordo! Obviamente se graduasses esse cinto horrível ter-te-ias apercebido que o teu perímetro abdominal te candidata a doenças cardio-vasculares e falta de sexo crónicas. Mesmo não existindo devias aperceber-te disso! E dado o exemplo a todas as criancinhas que se sentam no teu colinho (indevidamente, mas voltaremos a esse assunto amanhã).


Na verdade há quem pense que não passas de um macaco num fato ridículo.





Se queres que te diga, não se deve insultar os macacos (sobretudo porque acho que isto é um orangotango, mas não tenho a certeza), mas essa não é a questão essencial: a questão essencial é que vivemos num mundo cão.

Num mundo que vive de aparências, que atribui uma importância desmedida ao aspecto físico e nenhuma à poesia desesperada de uma declaração de amor inflamada e tresloucada (possivelmente por bons motivos não se dá atenção a essas coisas) nem à generosidade de quem corre a noite toda a dar prendas. E entrar pela chaminé? Pois num total desrespeito pela figura do Pai Natal, as casas modernas ou não a têm ou não a limpam. No fundo, não és mais para a sociedade ocidental (e, como há duas cartas se viu) também oriental mais que um mísero... cãozinho de estimação, peludo, com um ar afável e um aspecto natalício!

Tens que te modernizar! Dar colinho a públicos mais diversificados e marginalizados da sociedade. Dá aquele aspecto sensível e ainda podes perfeitamente candidatar-te a ter uma gaja a tentar converter-te. E há quem leve muito a sério essa conversão.

Tem que entrar em forma, tornar-te mais apetecível. Nessa altura sentir-te-ás mais confortável sem roupa e em frente de uma objectiva. Uma barba tanto pode proteger uma identidade como esconder uma cara bonita. Se o objectivo é manter-te anónimo, podes puxar o chapéu para a frente do rosto. De qualquer modo, oculta a tua outra face, porque há aí muita mulher sensível.

Podes mesmo arranjar uns ajudantes e dar um passinho de dança de vez em quando. O mundo do espectáculo parece ser o teu elemento, e já tens um nome forte no mercado. Uma imagem mais sensual só te ajudava.

Sabes, o que eu queria mesmo para o Natal era um menino jeitoso, sensível aos apelos de uma Abóbora apaixonada e louca. Se encontrares um desses, manda embrulhar e deixa ao pé da minha lareira, está bem? Quanto abrir os meus presentes, hei-de estar a ouvir aquele famoso tema do Joe Cocker: you can leave your hat on. Nem que seja um barrete horroroso daqueles que tens sempre enfiado, está bem?

Olha, desculpa a seca, mas hoje estou a ter dificuldades em adormecer. A sorte é que segunda não trabalho, mas amanhã tenho uma pilha de roupa (mmmmm... a importância do "h"!) para passar a ferro e a casa para arrumar. Sim, as amiguinhas do chá deixaram-me sozinha que nem um cão abandonado, mas mesmo assim fui passear para o centro do Porto. O resto não te interessa saber (OK, comprei dois livros e não eram prenda para ninguém mas para mim mesma. É crime, por acaso?). Vi também a árvore de Natal do BCP e as iluminações de Natal. E montes de gente na rua, o que é bom mas pode ser solitário. Daí, quando a pessoa está em baixo, qualquer coisa serve para a deitar ainda mais para baixo. Inclusive a própria estupidez e falta de juízo (ou serão mesmo essas as causas principais?).

Mas estávamos a falar de ti: se não te pões em forma e não te modernizas, acho que estás condenado à extinção. Pelo menos assim o espero. Mas sabes que vozes de burro não chegam ao céu!

Com os melhores cumprimentos

Abobrinha

4 comentários:

Manuel Rocha disse...

Gostei da "importância do "h""...

Mas confesso-me perplexo, provavelmente porque ando desactualizado, mas para que serviria uma "pila de roupa" ?!

Continuação de bons textos e de bom humor ( mesmo que seja como escapatória possível para outras tristezas...)

Anónimo disse...

Abobrinha

BOAS FESTAS!!!

Aproveite para, mas uma vez, curtir a criançada

Abobrinha disse...

Manuel

A importância prática da pila de roupa só se explica à luz da mania das mulheres em dizerem exactamente o oposto daquilo que querem dizer!

O grade truque é que é só às vezes, pelo que um gajo tem que estar atento para saber quando é que "sim" é "não" e "não" é "sim". O mesmo para a diferença entre "a sério que não se passa nada" e "a sério que não se passa nada". Isto das mulheres é muito complicado!

Tristezas não pagam dívidas (ver comentário nos dois parágrafos acima).

Abobrinha disse...

Com Tranquilidade

Sempre e o mais possível!

Obrigada e boas festas!